Inteligência artificial: os desafios do motor da inovação do século XXI

Compartilhe:

Tito Hollanda Barroso *

A inteligência artificial é tema recorrente nas rodas de conversa ao redor do mundo. No entanto, ainda há pouca compreensão sobre sua real dimensão. Mais do que uma tecnologia que quebra padrões, a IA é hoje o principal motor da inovação em escala global. Sua presença já se faz sentir em praticamente todos os setores — da medicina à educação, do varejo à indústria criativa — e essa transformação está apenas começando.

Entre suas qualidades estão a capacidade de processar grandes volumes de dados, automatizar decisões complexas e aprender padrões de forma rápida. Isso permite diagnósticos mais precisos, serviços personalizados, sistemas mais eficientes e produtos que se adaptam ao comportamento humano. 

Segundo a McKinsey, empresa global de consultoria em gestão, a IA e tecnologias associadas podem automatizar de 60% a 70% das atividades repetitivas, liberando profissionais para tarefas mais estratégicas. Na indústria, a combinação de IA com Process Mining trouxe ganhos expressivos: monitoramento da produção em tempo real, prevenção de falhas, redução de desperdícios e otimização das cadeias de suprimentos. 

Mas nem tudo são flores. A IA também traz preocupações. Uma delas é o risco de substituição de empregos humanos; outra, menos evidente, são os preconceitos que os sistemas podem assimilar dos dados com os quais são treinados. Quando esses dados refletem desigualdades históricas — como racismo, sexismo ou exclusão econômica —, os algoritmos tendem a reproduzir essas distorções. Por isso, surgem desafios éticos sérios, como garantir transparência nos processos automatizados e proteger a privacidade dos dados pessoais.

Além disso, a IA tem sido usada para criar e disseminar desinformação em escala. Tecnologias como os deepfakes tornam cada vez mais difícil identificar o que é verdadeiro do que é falso. É urgente discutir mecanismos de rastreamento, verificação e regulação para conter esse uso nocivo da tecnologia. 

Apesar dos desafios, é inegável que a IA se consolidou como um pilar central da inovação. Startups, universidades, grandes empresas e governos estão investindo pesadamente em sua aplicação. As ferramentas de IA generativa, como os modelos de linguagem, estão revolucionando o desenvolvimento de produtos, a comunicação empresarial e até a forma como pensamos criatividade.

O Brasil tem talento e demanda para liderar essa agenda, mas falta investimento contínuo, políticas públicas consistentes e uma cultura de inovação mais sólida. É hora de enxergar a IA não apenas como um recurso tecnológico, mas como uma estratégia de desenvolvimento nacional. Se regulamentada e bem aplicada, a inteligência artificial tem tudo para se tornar uma aliada poderosa na construção de um futuro mais eficiente, justo e inovador.

*Mestre em Administração pela Darden Business School da Universidade da Virginia, coordenador do Pateo76 e do Conselho de Inovação da ACSP

Fonte: Diário do Comércio

Imagem: Freepik

Leia mais

Rolar para cima